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Estudantes de Comunicação lançam revista de ensaio Equívoca como parte de projeto de extensão

Foto do escritor: Guilherme SoutoGuilherme Souto

Ilustração: Matheus Rocha
Ilustração: Matheus Rocha

Escreve, apaga, refaz, corta, rasura, parênteses, apaga, reescreve, quebra a ponta do lápis, aponta, escreve, apaga, rasga a folha. O rasgo tem o formato de um grampeador. Não lembro sobre o que estava escrevendo. O erro faz parte do processo. - Não. - O erro é o processo. 


A revista Equívoca foi fundada como um grupo de estudos de alunos do curso de graduação em Jornalismo e Cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sob a coordenação do professor Dr. Thiago Soares, no âmbito do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Música e Cultura Pop (GruPop), partindo da convicção que a versão final de um texto só apresenta metade da história. Que se você submeter qualquer recorte à observação insistente, é possível encontrar, nas rachaduras, mensagens criptografadas deixadas por mãos indecisas e lábios hesitantes. Nosso trabalho é iluminar as letras invisíveis. Mas precisávamos de um formato, um invólucro para pressurizar os vapores voláteis da literatura.


A revista de ensaios, espécie ameaçada de extinção, parecia um hospedeiro ideal, oferecendo calor e estrutura (ou legibilidade), ao mesmo tempo que permitia flexibilidade, espaço para se esticar, derrubar vasos antigos e espalhar anotações desconjuntadas. A Equívoca se instalou no espécime como um parasita do sentido, se alimentando de serendipidades, sabotando os sentidos e trocando significados.

Primeira edição da revista de ensaios Equívoca foi criada por alunos de Comunicação da UFPE, sob supervisão do professor Dr. Thiago Soares. Arte: Amanda Medeiros, Julia Lemos e Pedro França.
Primeira edição da revista de ensaios Equívoca foi criada por alunos de Comunicação da UFPE, sob supervisão do professor Dr. Thiago Soares. Arte: Amanda Medeiros, Julia Lemos e Pedro França.

A primeira edição da Equívoca foi lançada em dezembro de 2024, financiada pela Bolsa de Incentivo à Criação Cultural da Supercult (BICC/UFPE), e se apoiando no ensaio como possibilidade de exploração criativa e abertura de significado. Em uma era que se afoga em certezas absolutas, a ambiguidade é um respiro necessário. O projeto foi desenvolvido pelos estudantes Amanda Medeiros, Cadu Ribeiro, Eduarda Carvalheira, Guilherme Souto, Julia Lemos e Letícia Assef. A revista contou ainda com contribuições editoriais de Schneider Carpeggiani; uma entrevista com Davi Novaes; um ensaio da convidada Luíza Neves; e ilustrações e fotografias de Ana Clara Alcoforado, Eduarda Carla, Eric Schwarz e Matheus Rocha.


Pensando essa revista como uma mídia ostensivamente visual, a edição de estreia acessa as imagens através das janelas, moldes para tentar enquadrar uma sensação, uma memória ou uma suspeita, com a convicção de que o interior e o exterior são indissociáveis e que a vertigem é tão real quanto a sobriedade. Passeamos pelo ensaio, crônica, entrevista, relato, peças de teatro, shopping centers, capelas, motéis, quartos de infância e ruas desertas sem se preocupar muito com as fronteiras entre gêneros, terras seculares e solo sagrado. O entrelugar é onde florescemos, aquele espaço estranho e desconfortável do errado familiar, do banal elevado e do grandioso menor.


Arte: Eduarda Carvalheira.
Arte: Eduarda Carvalheira.

A Equívoca é um espaço de autoficções, entrevistas, pseudo-verdades, lapsos de julgamento e narrativas oblíquas. Um convite para especular o que é real através do que é provisório, subjetivo. Às vezes, a emoção precisa falar mais alto.


Acesse aqui a Equívoca nº 1 | dez/2024.

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