Michelle Melo e Eliza Mell protagonizaram episódio analisado por mestrando da UFPE e publicado em revista acadêmica
Famosas na cena local, as cantoras Eliza Mell e Michelle Melo protagonizaram um episódio que viralizou nas redes sociais, depois que a primeira apareceu num programa da TV pernambucana, em 2018, no qual fora questionada pelo apresentador se mantinha algum conflito com Melo. Visivelmente irritada, a resposta da cantora não apenas confirmou a animosidade entre ambas, como cunhou a expressão “tem gogó, querida?”, ao aproveitar a ocasião para justificar sua superioridade vocal em relação à colega de profissão, que há muitos anos ostenta o título de “rainha do brega” na cena brega recifense.
É difícil pensar na paisagem musical contemporânea de Pernambuco sem levar em conta o gênero brega e as disputas simbólicas que orbitam, sobretudo, a Região Metropolitana do Recife. Para além da música, a estética brega agencia modos de ser e habitar dos pernambucanos, colocando em jogo noções de territorialidade, valores, performances de gosto e alteridades que emergem do contexto em que estão inseridos. Em trabalho publicado, na Revista ECO-Pós, do PPGCOM da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os pesquisadores Pedro Alves e Thiago Soares discutem as controvérsias e disputas em rede que atravessam um dos capítulos mais célebres e polêmicos da música brega recente.
A repercussão da entrevista de Mell despertou o interesse de Pedro Alves ainda durante as aulas da disciplina de Estudos de Som e Música, cursada no Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFPE, ministrada pelo professor Thiago Soares, tendo sido o tema escolhido para seu artigo final. A pesquisa, baseada na metodologia cartográfica inspirada no trabalho filósofo francês Bruno Latour e apropriada pela professora Simone Pereira de Sá (UFF), propõe rastrear atores que performatizam gostos e valores relacionados à presença feminina na música brega, a partir da observação das inúmeras manifestações em rede de artistas, produtores, celebridades e fãs em torno do episódio.
Antes da publicação na revista ECO-Pós, uma primeira versão do texto foi submetida e aprovada, em 2019, pelo congresso da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), apresentado na PUC-RS, em Porto Alegre (RS). O evento é considerado um referencial de excelência na área, reconhecido principalmente por privilegiar trabalhos de doutores ou doutorandos em formação, tendo um limite bastante restrito para alunos de mestrado.
Para acessar o artigo completo:
https://revistaecopos.eco.ufrj.br/eco_pos/article/view/27422
por Mariana Lins