História de shows pop remonta a estética vaudeville

Início da indústria do entretenimento conecta-se com a estética do vaudeville e do teatro musical

A crise na indústria fonográfica, deflagrada pelo compartilhamento online de mp3 popularizado no início dos anos 2000, reconfigurou as dinâmicas do mercado musical. Com a perda do protagonismo dos discos, as turnês ao vivo passaram a ganhar mais espaço na engrenagem de divulgação artística, tornando-se gradativamente as maiores fontes de receita e impacto midiático de cantores pop como Michael Jackson, Madonna, Lady Gaga, Katy Perry, Ariana Grande

Os megaespetáculos ancoram-se num formato que tem se repetido, ao longo de pelo menos três décadas, com poucas variações, na medida em que se tornaram um modelo de negócio (show business) que compõe um dos principais eixos das estratégias de publicidade dos artistas pop na atualidade. Trata-se de um padrão estético que, segundo mostra a pesquisadora e doutoranda Mariana Lins, reúne inúmeros componentes teatrais, notadamente inspirados nos espetáculos musicais da Broadway, não apenas do ponto de vista técnico, mas sobretudo da performance, tendo a cantora Madonna como pioneira.

Interessada nas articulações estéticas das performances da artista norte-americana, Lins, dedica-se, desde 2015, ao estudo da obra de Madonna. Em 2018, por ocasião dos 60 anos da cantora, apresentou trabalho de análise histórica e cultural dos megaespetáculos de música pop, em que procura cartografar os elementos estéticos que constituem o formato de shows que ainda continua a ser reproduzido não apenas por Madonna, mas também por suas sucessoras. O texto fez parte do simpósio “Madonna 60”, organizado pelo GP Comunicação, Música e Entretenimento, durante o 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom).

Para entender a origem dos megaespetáculos pop, a pesquisadora resgata as primeiras formas de divulgação musical, empregadas pelo Tin Pan Alley, em Nova York, antes da criação da mídia fonográfica (vinil), com a venda de partituras e a improvisação dos primeiros espetáculos por artistas e compositores. A prática foi a base para o surgimento dos shows vaudeville e, posteriormente, para o teatro musical como gênero nos Estados Unidos. O percurso traçado pela autora mostra como Madonna se apropriou de elementos, como roteiro, caracterização, recursos cênicos, performance, marketing, para criar uma marca própria e reinventar o mercado de shows na indústria da música pop.

Para acessar o artigo completo:

http://www.intercom.org.br/sis/eventos/2018/resumos/R13-0515-1.pdf

por Mariana Lins

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