O que canta a drag queen?: limites e disputas em torno da categorização da produção musical de drag queens no Brasil
Autor: Lívia Maria Dantas Pereira
Tipo: Dissertação
Ano de defesa: 2021
Palavras-chaves: Gênero musical; Drag music; Estudos de performance; Drag queens no Brasil
Link para o repositório: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49152
Resumo: Este trabalho tem como objetivo central investigar como funciona a música produzida por drag queens no Brasil dentro dos sistemas classificatórios de gêneros musicais. De maneira mais específica, busco tensionar a noção de gênero musical, indicando aspectos extramusicais como igualmente importantes para a categorização da música. A partir da articulação entre teorias dos Estudos de Performances (TAYLOR, 2013) e de gênero musical (FRITH, 1996; BRACKETT, 2003; JANOTTI JR. 2003, 2006; LENA, 2012; FABBRI, 2017; JANOTTI JR. e PEREIRA DE SÁ, 2019), busco debater o gênero musical para além de uma classificação fixa ancorada a determinadas características sonoras e articulando com os escritos da musicóloga Georgina Born (2016) sobre a ideia de que gêneros musicais são capazes de formar universos imaginários, defendo que o que se convencionou a chamar drag music é um rótulo que pode funcionar como um gênero musical por articular experiências sensíveis de cunho identitário e de pertencimento. Assim, aposto no entendimento da drag music enquanto um arranjo sensível e imaginado da música pop que opera dentro de um sistema classificatório, funcionando como gênero musical em determinados contextos que une artistas, fãs e processos produtivos e comerciais em torno de regras que estão em constante mutação.
Fogo Nos Racistas! : Epistemologias negras para ler, ver e ouvir a música afrodiaspórica
Autor: Rafael Pinto Ferreira de Queiroz
Tipo: Tese
Ano de defesa: 2020
Palavras-chaves: Epistemologias Negras; Música do Atlântico Negro; Afrodiáspora; Mídia; Racismo.
Link para o repositório: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/40511
Resumo: O epistemicídio foi uma das maneiras aplicadas pela colonialidade para promover o genocídio do povo negro, assim como para inferiorizar e subalternizar outros saberes que foram deslegitimados no âmbito acadêmico. Dessa forma, estudar epistemologias negras mostra-se necessário para o combate ao racismo e para a descolonização dos currículos universitários. Não se diferenciando dessa situação, o campo da Comunicação no país está muito aquém na discussão de racialidades e racismos, não refletindo assim a necessidade e a urgência do enfrentamento dessas questões. Para atingir esses objetivos há de se reconhecer a importância de se pesquisar a música negra como vetor de processos identitários e como é usada para a comunicação, política e sociabilidades dentro de um contexto afrodiaspórico, assim como suas potências e limitações. Essa música também enseja afiliações transnacionais entre populações negras no mundo e abre possibilidades de diálogos político-estéticos entre estas, numa movimentação, por vezes, anti-hegemônica. Este lugar central da música, em alguns momentos, cede espaço para outras representações, como corpo, performance e imagem. Estes são apreendidos e lidos a partir de um estopim musical, sendo assim sempre atravessados pelo som. Dessa forma, autores e autoras negras, comprometidos com a criação de um pensamento enegrecido e insurgente (WEST, 1985), foram utilizados para a construção argumentativa, dentre eles, Paul Gilroy, Tsitsi Ella Jaji, Bell Hooks, Frantz Fanon, Abdias do Nascimento, Achille Mbembe, Patricia Hill Collins, entre outros. Epistemologias negras foram aplicadas em análises culturológicas de materiais heterogêneos de artistas negros da música. Discos, videoclipes, filmes, imagens e letras foram acionados para interpretar o conteúdo, enquanto produto de subjetividades negras politizadas, do ganês Blitz the Ambassador, do afro-americano Childish Gambino em conjunto com os brasileiros Emicida, Rincon Sapiência, Xênia França e Marku Ribas. Assim, trabalhar com objetos da cultura pop, que são colocados em posição marginal dentro do campo da Comunicação, como música, videoclipes e cinema hollywoodiano, dentro do contexto de uma cultura midiática com o viés afirmativo e racializado, constitui o conteúdo desta tese. O processo de tornar-se negro (SOUZA, 1983), assim como o combate ao racismo, enseja um estímulo para que se contem experiências negras não somente no âmbito da política e da arte, mas também na academia. Isso estimularia o desenvolvimento de um olhar opositor (HOOKS, 2019) que poderia desconstruir criticamente o uso de imagens de controle (COLLINS, 2019) que a mídia utiliza para perpetuar e expandir o devir negro no mundo (MBEMBE, 2014). Tomando o controle, mesmo que parcial, de suas narrativas, vozes negras ajudam a desestabilizar o discurso hegemônico e sonhar futuros possíveis.
Kondzilla e redes de música pop periférica: estética, mercado e sentidos políticos
Autor: Gabriel Albuquerque
Tipo: Dissertação
Ano de defesa: 2020
Palavras-chaves: KondZilla. Funk. Rede de música pop periférica. Videoclipe.
Link para o repositório: https://www.academia.edu/43963063/KondZilla_e_redes_de_m%C3%BAsica_pop_perif%C3%A9rica_est%C3%A9tica_mercado_e_sentidos_pol%C3%ADticos
Resumo: Fundada em 2012 e com sede em São Paulo, a produtora de videoclipes e canal do YouTube KondZilla está no centro do processo de mainstreaming do funk brasileiro. Em setembro de 2018, o canal da KondZilla teve o primeiro videoclipe brasileiro com mais de 1 bilhão de visualizações no YouTube. Um ano depois, em outubro de 2018, a KondZilla ultrapassou o cantor canadense Justin Bieber e tornou-se o terceiro maior canal do YouTube mundial e o maior da América Latina em números de inscritos. Este trabalho tem como proposta analisar justamente os efeitos, causas e consequências deste direcionamento pop do funk através da KondZilla, buscando analisar suas implicações estéticas, comerciais e políticas. Partimos da ideia de Rede de Música Brasileira Pop Periférica (PEREIRA DE SÁ, 2017), para entender como gêneros musicais diversos se acumulam, conectam e interpenetram no ambiente da cultura digital contemporânea e como a KondZilla atua nessa esfera múltipla e dinâmica negociando sua performance para formar redes com mercados mais amplos, além do nicho do funk.
Memórias em cena: o ressurgimento da psicodelia do Udigrudi nas cenas musicais contemporâneas no Recife
Autor: Artur Onyaiê Gonçalo do Nascimento
Tipo: Dissertação
Ano de defesa: 2019
Palavras-chaves: Cenas musicais. Memória. Udigrudi. Psicodelia. Recife.
Link para o repositório: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38136
Resumo:
Nos idos dos anos 2000, se formava em Recife uma cena musical constituída por bandas e artistas como Anjo Gabriel, Aninha Martins, Feiticeiro Julião, Tagore, Dunas do Barato, Juvenil Silva e entre outros. Tinham em comum as referências estéticas da psicodélica e/ou música regional das bandas Ave Sangria, Lula Côrtes e Flaviola, representantes de uma cena psicodélica que aconteceu no Recife na década de 1970, também conhecida como Udigrudi. Diante deste panorama, me debruço na intenção de investigar e compreender as motivações, as controvérsias, aspectos históricos, estéticos e memorialísticos que fizeram com que o Udigrudi, mais de 30 anos depois, se tornasse um componente marcante da construção de um alicerce sensível para essa nova cena psicodélica dos anos 2000. O conceito de cenas musicais foi o principal aporte teórico para a materialização desta pesquisa, pois, como conceito recente e em contínua formação, consegue dialogar com teorias e metodologias da Sociologia, História e Comunicação. Destarte, para compreender o Udigrudi nas cenas contemporâneas do Recife, investiguei mediante entrevistas de história oral, acervos públicos, vídeos de internet e matérias de jornais. E foi a partir destas incursões pelas cenas musicais supracitadas, pude constatar disputas estéticas, históricas, memorialísticas e geracionais que corroboraram significativamente o entendimento das articulações das memórias e cenas musicais.
Rosto branco, voz “negra”: Iggy Azalea e as tensões do pop-rap
Autor: Mário Augusto Rolim
Tipo: Dissertação
Ano de defesa: 2018
Palavras-chaves: Iggy Azalea. Autenticidade. Comunicação. Música. Pop. Rap.
Link para o repositório: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31854
Resumo: Desde que alcançou enorme sucesso comercial em 2014, a rapper australiana Iggy Azalea tem sido tema de várias controvérsias envolvendo questionamentos de sua autenticidade, reprovações de sua mistura entre pop e rap, acusações de desrespeito e apropriação da cultura negra e críticas pelo fato dela se apresentar usando um sotaque associado a rappers negros do sul dos EUA. Neste trabalho, parto de uma discussão sobre as noções de autenticidade do pop e do rap, o lugar do rap dentro do mercado de música pop americana e a popularização do rap promovida pela globalização para observar os julgamentos da autenticidade de Azalea feitos por revistas e artistas de rap dos EUA, assim como as reivindicações de autenticidade feitas pela própria australiana. Depois disso, analiso algumas performances de Azalea no intuito de perceber como ela realiza negociações entre pop e rap no que eu chamo de uma performance de uma noção de autenticidade do pop-rap, e como essas negociações ajudam a elucidar as tensões entre esses gêneros, e também questões de raça, classe e Gênero.